terça-feira, 11 de setembro de 2007

Álbum Colômbia: Cartagena de Índias e Bogotá - 05 a 17 de junho 2007. Créditos: 154 fotos e legendas de Eneida, 09 fotos de Salete.

“O POVO COLOMBIANO” - A Colômbia, habitada desde milhares de anos antes da era cristã, teve seu povo massacrado e saqueado pelos europeus, que dentre outras coisas, buscavam o Eldorado: “um reino com ruas de ouro”. Daí resultou a população atual, formada por índios e seus mestiços com europeus, negros e árabes. A Colômbia e os colombianos não têm nada daquela imagem negativa que a mídia criou para nós, não se vê malandros pelas ruas e tudo parece ter uma magia, uma sensualidade e uma musicalidade que nos envolve totalmente, as pessoas são simples, honestas, simpáticas, educadas e receptivas, o calor humano é intenso e todos são alegres e comunicativos, sem perder a delicadeza e a formalidade, o que os torna um dos grandes atrativos do país. Esse povo ainda guarda hábitos simples, cultiva as tradições culturais, lota as igrejas diariamente, gosta de música, dá grande importância ao trabalho e também é moderno, antenado e com um padrão de consumo alto nas grandes cidades.


“CARTAGENA DE INDIAS”- Patrimônio da humanidade, a cidade fortificada possui um centro histórico com mais de 50 quarteirões dos séc. XVI e XVII, cercado por mais de 11 km de muralhas, exibindo coloridos prédios com belos balcões de madeira, foi sede da inquisição e ficou conhecida como “ciudad amuraillada”. É considerada um dos lugares mais prazerosos do continente, mas é muito mais do que isso, é maravilhosa e apaixonante, um lugar quase perfeito e possivelmente a cidade mais bonita que já conheci. Andar por suas tranqüilas ruelas é um programa da melhor qualidade, principalmente à noite, quando a iluminação é belíssima e a atmosfera fica muito mais interessante, com restaurantes finos e um comércio de qualidade, dá para ficar sem palavras diante de tanta beleza.


“MURALHAS” – São 11 km de intactas muralhas contornando todo o centro histórico de Cartagena, constituem o maior conjunto do gênero nas Américas e foram construídas para proteger a cidade dos ataques de piratas. Deixando a impenetrabilidade no passado, hoje as muralhas, além do charme que conferem à cidade, servem como convite ao visitante a transpor os seus diversos pórticos de entrada ou se entregar às belíssimas vistas que se pode ter do alto de sua superfície, o pôr-do-sol visto a partir dela (última foto), permite ver de um lado, a luz do sol emprestando um amarelo ao Caribe e de outro, as luzes da cidade histórica se acendendo e valorizando, também em tons amarelos, os contornos da arquitetura. Um show!!!


“CASTELO DE SAN FELIPE DE BARAJAS” – Patrimônio da humanidade, é a maior obra da engenharia militar do continente americano, construído para complementar as muralhas, no objetivo de proteger a rica Cartagena das invasões por terra. Olhando a monumentalidade das muralhas e do conjunto de fortes, podemos imaginar a freqüência e a intensidade dos ataques que se davam ali. Esse forte em especial, com belíssima localização, no alto da colina de San Lázaro, tem uma arquitetura complexa, com vários túneis de interligação, torres, aposentos e uma plasticidade em suas formas e volumes que encanta.


“PRAIAS” – Cartagena é banhada pelas águas do Caribe e oferece aos visitantes alguns balneários populares em sua costa, mas o grande atrativo fica por conta das ilhas dos parques marinhos, com arrecifes de corais compondo uma colorida vida marinha que pode ser explorada em mergulhos com “snorkel” nas águas extremamente transparentes. As ilhas contam ainda com deliciosas praias de areias claras e águas mornas que assumem tons do azul ao verde que enchem os olhos e levam o espírito para longe da realidade. Não dá vontade de sair de dentro d’água, onde os peixes nadam ao nosso redor o tempo todo. O que mais esse local poderia oferecer? Um clima caribenho com muita música, culinária típica e... cerveja colombiana é claro!


“BANHO DE LAMA NO VULCÃO TOTUMO” - Totumo é um vulcão de lama que tem “uma estrutura cônica de lama argilosa depositada junto a um orifício de escape de metano, gases não combustíveis, vapor de água e de lama com água salgada”, formação rara no mundo, é presente em regiões sísmicas. Programa inusitado e assustador à primeira vista, devido à precariedade do local, se transforma em algo engraçado e relaxante, com direito à massagem e uma assistência integral dos nativos. A gente acaba adorando e não quer sair lá de dentro, principalmente depois que descobre que a lama é corrente. Detalhe: afundar nessa espessa lama é tarefa quase impossível, boiamos o tempo todo e se locomover dentro dela exige esforço, e uma ajuda dos nativos é bem vinda por todos. Acho que foi o passeio mais exótico e diferente que já fiz até hoje, só mesmo a América do Sul com possibilidades tão peculiares!


“BOGOTÁ” – Essa receptiva metrópole de mais de 7 milhões de habitantes e a quase 3.000m de altitude, em plena Cordilheira dos Andes, não tem nada a ver com o cenário de terrorismo e narcotráfico que a imprensa divulga, muito pelo contrário, é uma cidade calma, policiada, limpa e organizada. Possui uma vida cultural intensa e todo o tempo é pouco para esgotar seus mais de 26 museus, sendo alguns aliás, os melhores que já visitei, igrejas de tirar o fôlego e uma das maiores e mais bem organizadas bibliotecas de obras raras da América do Sul, tudo isso localizado na Candelária, um suntuoso centro histórico. E paralelo ao bucolismo desse centro colonial, existe uma cidade moderna, rica, com grandes shoppings e ótimos cafés. Chegávamos a andar 12 horas por dia e nada nos cansava, aproveitamos cada minuto que passamos ali e ainda assim, saímos com a sensação que queríamos ficar e que ainda tinha muito a conhecer.


“O OURO NOS MUSEUS” - As culturas que se desenvolveram no território colombiano há milhares de anos, se destacaram pelo talento em trabalhar o ouro – abundante em suas terras. Dotando-o de um valor mítico e religioso, produziram adornos e objetos utilitários e ritualísticos. Séculos de produção resultaram em um volume de peças que nem o saque devastador dos europeus desde a ocupação, nem os contrabandistas de patrimônio arqueológico dos tempos atuais, conseguiu dizimar, conseguindo o país, manter ainda um acervo fabuloso e o maior museu de ouro do mundo. O “Museo del Oro”, com acervo em outras cidades como Cartagena, além de Bogotá, é tecnicamente perfeito e possui um circuito expositivo que é de chorar de emoção, não só pelo brilho do ouro, mas pela inserção do visitante neste universo de sensibilidade, conhecimento, técnica, arte, devoção e poder materializado através desse metal que também foi o motivo da destruição de muitas dessas culturas ali representadas.


“MONOLITOS E CERÂMICAS” A Colômbia é um país que investe muito em cultura e patrimônio, o número e qualidade dos museus surpreende, um grande destaque é o “Museo Nacional”, que mostra, em uma parte do seu extenso circuito expositivo, um magnífico acervo arqueológico produzido por escultores e ceramistas de diversas culturas que se desenvolveram no país desde tempos remotos, e o conhecimento que se tem dessas culturas foi obtido através da interpretação de imagens que esses artistas deixaram gravadas em seus trabalhos.


“OS ÔNIBUS COLOMBIANOS” - Símbolos do país, os ônibus colombianos são uma atração à parte, antigos em sua maioria e às vezes velhos mesmo, são coloridos e extremamente decorados em seu interior, com pingentes, quadros de santos, espelhos, franjas, estofamentos coloridos e adesivos nos vidros, o que dá a impressão que os motoristas se promovem com a aparência de seus veículos. Além da sobrecarga de informação visual, o gosto latino é reafirmado com um fundo musical sempre romântico e uma boa dose de desorganização no serviço, parando em qualquer lugar, com um trocador aos gritos, pendurado na porta para conseguir passageiros, uma buzina que não silencia nunca e manobras inacreditáveis.


“NÓS ESTIVEMOS LÁ!” – Essa foi uma viagem que o foco principal não foi as belezas naturais, que certamente a Colômbia possui em regiões que não visitamos, priorizamos o aspecto cultural e optamos por cidades grandes e com patrimônio reconhecido. Assim, cumprimos à risca um minucioso e abrangente roteiro que começa com uma forçada madrugada no aeroporto, um café da manhã no aconchegante hotel, almoço com direito a tomar uma “água de panela” junto ao povo da terra, um merecido descanso no final da tarde com direito a cerveja ao ar livre e manifestações artísticas populares, passeios de lancha, culinária típica caribenha, mergulho de “snorkel”, banho de lama, passagem pelas muralhas e fortes, visita ao “Museo Botero”, um pouco da agitada noite bogotana, feiras de artesanato e o magnífico “Museo del Oro”. Foi bom demais!


“MAIS ALGUNS MOMENTOS” – As imagens nem sempre falam por si e seria impossível aqui, fazer mostrar tudo o que me tocou nessa viagem à Colômbia ou tentar explicar cada foto. Quando muitos, do alto de seu preconceito, me perguntavam o que eu ia fazer nesse lugar, eu não tinha nenhuma pretensão em achar uma resposta que os convencesse da magnitude de tudo o que eu sabia que iria encontrar. Agora mostro essas imagens, compostas a partir do meu olhar, sem a expectativa ainda, de responder a tal pergunta, porque para realmente sentir e entender algum lugar, temos que estar nele e vivê-lo em sua plenitude, como diz Amyr Klink: “Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver”.